Nascido no dia 19 de dezembro de 1842, em Fracíscio, vilarejo localizado nas montanhas alpinas ao norte da Itália, na província de Sondrio (região da Lombardia), Luis Guanella era um dos 13 filhos de Lourenço e Maria Bianchi, de quem aprendeu a fé católica, o amor à oração e a confiança na Divina Providência. Também herdou do pai o caráter forte e tenaz, e da mãe, a suavidade e a compaixão para com os pobres; de ambos, uma fé robusta.
No dia 20 de dezembro, um dia após seu nascimento, o pai Lourenço envolveu o menino numa pele de ovelha e levou para batizar em Campodolcino. Luís cresceu aprendendo muitas lições com sua família que mais tarde utilizaria no seu apostolado. Aprendeu a importância e o valor do cultivo da agricultura, valor de se fazer o que precisa com as mãos e acima de tudo, que um espírito de amor e de sacrifício pode fazer milagres.
Infância
Desde criança, juntamente com sua irmã Catarina – um ano mais velha que ele – mesmo nas brincadeiras ensaiavam atos de amor aos pobres, entretendo-se em misturar água e terra nas fendas das rochas em forma de bacia e dizendo que, quando crescessem também preparariam a sopa para os pobres.
Aos 10 anos, numa Quinta-feira Santa, Luis faz sua Primeira Comunhão. Depois da Missa e de receber Jesus na Eucaristia, ele se retira para perto da casa dos avós, em Gualdera, e na relva, em oração, ouve a voz da Senhora que o chama e lhe mostra, como num filme, tudo o que ele faria mais tarde pelos pobres.
Como o Menino Jesus, Luis Guanella “cresce em graça e sabedoria”, alternando as atividades na escola com a ajuda no trabalho diário da família, seja pastoreando o rebanho, recolhendo feno ou transportando lenha e cestas de estrume pelas montanhas. Aos 12 anos, já tendo completado a escola elementar, sente ressoar em seu coração o desejo da vida religiosa. Mas, teme impor maior sacrifício aos pais que já sustentam as despesas de seminário de seu irmão mais velho Lourenço. Padre Gaudêncio, pároco de Campodolcino e parente de Luis, soluciona o problema conseguindo para ele uma bolsa no seminário do Colégio Gallio, em Como.
Ingresso no Seminário
Dessa forma, em novembro de 1854, ainda aos 12 anos e acompanhado pelo irmão Lourenço, “Luigi” ingressa no Colégio Gallio, onde fez os seis anos dos cursos superiores – que equivalem aos estudos antecedentes à entrada na universidade -, aplicando-se seriamente e com notável aproveitamento. Destaca-se pela bondade entre os companheiros, que o admiram e amam, assim como também é amado e estimado pelos superiores.
Terminados os seis anos do Colégio Gallio, Luís decide pedir admissão ao seminário para cursar os dois anos de liceu clássico (correspondentes a dois anos de filosofia). No final das férias de 1860, com as bênçãos de seu pai Lourenço, Luís recebe o hábito eclesiástico, durante celebração na pequena igreja do vilarejo de Frascíscio. No dia 4 de novembro seguinte, ingressa portanto no Seminário Santo Abôndio, em Como.
De 1862 a 1866 cursa os quatro anos de teologia para a formação específica e próxima ao sacerdócio e ao ministério pastoral. Nos dois primeiros anos, além do estudo, Luis recebe a tarefa de orientador pedagógico do Colégio Gallio. É um privilégio que os superiores concedem aos clérigos mais exemplares e mais necessitados de ajuda econômica.
No entanto, apesar de todo o trabalho pesado e da boa vontade de Luis, ele não está satisfeito com o trabalho que faz e tampouco seus superiores. O método disciplinar severo da época é incompatível com a sua concepção de pedagogia. Para ele, um clima familiar e a vida comunitária com os alunos seria mais condizente e educativo, a exemplo do trabalho por Dom Bosco, na cidade de Turim. E é justamente com o desejo de conhecer mais a fundo as Obras de Cottolengo e de Dom Bosco, que em 1865 Luis dirige-se pela primeira vez a Turim. Entre Dom Bosco e Luís Guanella surge, a partir daí, uma amizade que mais tarde terá um desenvolvimento providencial.
Dentre os atos que mostraram sua personalidade corajosa está o caso de um colega seminarista que certa vez contraiu uma grave doença contagiosa. Por essa razão, o pobre doente foi isolado na enfermaria e todos os que se aproximavam dele, incluindo o camareiro e o vice-reitor, tomavam todas as precauções. Luís, no entanto, a exemplo de São Francisco com os irmãos leprosos, se torna enfermeiro do colega doente, sem se preocupar com o perigo do contágio, assistindo-o dia e noite.
Em suas férias de verão, no seu vilarejo natal, o jovem clérigo também se ocupa da assistência aos enfermos e idosos, visitando-os frequentemente em sua solidão, já que seus familiares precisam se ausentar o dia inteiro durante o trabalho no campo. Com eles passa longas horas, entretendo-os, dando o remédio na hora certa e prestando todo e qualquer serviço para aliviá-los dos seus sofrimentos e solidão.
Sacerdote
Ordenado sacerdote em 1866, foi em várias freguesias pároco e ao mesmo tempo mestre-escola, pois tinha diploma de professor chegando mesmo a construir uma escola primária. Além disso, tomou iniciativas benéficas em favor dos pobres, e organizou a Ação Católica Juvenil, recentemente fundada. Em 1875 foi a Turim encontrar-se com João Bosco, de quem aprendeu o caminho da santidade e o método pedagógico. Vinculou-se então com votos religiosos à Sociedade Salesiana. Mas em 1878 foi chamado pelo bispo à sua diocese, para ser novamente nomeado pároco. Foi nessas circunstâncias que soou para ele a hora da graça, com a primeira fundação das obras de há muito sonhadas em favor dos pobres abandonados.
Como vários santos sacerdotes do seu tempo, por exemplo, João Bosco, José Cafasso, José Bento Cottolengo e outros, também ele fundou várias obras de beneficência, que rapidamente floresceram devido à dedicação e às qualidades pedagógicas dos seus colaboradores.
Fundador
Devoto e admirador de São Francisco de Assis, ingressou na Ordem Terceira. Da vida do pobrezinho assumiu o espírito de pobreza, de perfeita alegria e de grande confiança em Deus. Para continuar nesse espírito de caridade, fundou duas congregações religiosas: os Servos da Caridade e as Irmãs Filhas de Santa Maria da Providência. A obra desenvolveu-se admiravelmente tanto na Itália como no estrangeiro. A pia união de oração de São José pelos agonizantes, por ele iniciada em Roma, conta hoje com mais de dez milhões de membros.
Numa época de exacerbado anticlericalismo, as autoridades laicas não viram com bons olhos essas obras, e ele foi alvo de injustiças e perseguições, mas tudo venceu com a força da fé e o fogo da caridade. Foi à América acompanhado de emigrantes, e muito trabalhou para a assistência religiosa aos mesmos. Para instruir a juventude abriu escolas de iniciação e oratórios. Para assistir às vítimas de terremotos, não poupou energias nem meios materiais.
Beatificação e canonização
Depois de muito servir a Cristo e ajudar os pobres, sempre confiando na Divina Providência, faleceu na tarde de 24 de outubro de 1915. Foi beatificado pelo Papa Paulo VI, em 1964, e declarado santo pelo Papa Bento XVI, no dia 23 de outubro de 2011. Sua Festa Litúrgica é celebrada no dia 24 de outubro.
São Luís Guanella, rogai por nós!