05 de Abril: São Vicente Ferrer

Nascido na Espanha, em 1350, viveu tempos difíceis, pois, por influência política, havia um cisma na Igreja do Ocidente. Naquela época, havia sido declarada, por alguns cardeais, inválida a eleição de Urbano VI como Papa, sendo escolhido Roberto de Genebra, que tomou o nome de Clemente VII e tornando-se o primeiro antipapa (papa ilegítimo). As coroas ibéricas (os reinos de Portugal e Espanha) procuraram manter-se neutras entre os dois Papas, mas Clemente VII, nascido em Avignon (França), esforçou-se por conquistar a obediência delas e mandou como seu legado o Cardeal Pedro de Luna. Este procurou o apoio de Vicente, que lho deu em boa fé e escreveu um tratado sobre o cisma.

São Vicente Férrer

O trabalho de Vicente junto ao Cardeal Pedro de Luna começou em 1379. Ele era o Núncio Apostólico no palácio de Aragão, e futuro antipapa Bento XIII. São Vicente ensinou teologia na escola que funcionava na Catedral de Valência, de 1385 a 1390. Quando Pedro de Luna se tornou o novo antipapa, sucedendo Clemente VII, Vicente foi convidado para ser seu confessor apostólico na cidade de Avignon. Vicente não aceitou o cargo e ainda recusou a chance de se tornar cardeal, percebendo que Bento XIII não tinha realmente a autoridade papal vinda dos apóstolos.

São Vicente adoeceu e por pouco não morreu durante a invasão de Avignon, mas ele se recuperou milagrosamente. A história diz que ele teve uma visão de Jesus Cristo junto com São Francisco de Assis e São Domingos. Na bendita visão ele teria sido orientado a pregar o Evangelho fervorosamente. Porém, ele encontrou a resistência do antipapa que relutava em dar a sua permissão para Vicente deixar Avignon. Em 1389, Bento XIII finalmente deu a sua permissão e Vicente saiu em pregação por todas as regiões da Europa do Ocidente. Com muita sabedoria e eloquência ele atraía multidões, ficando bem conhecido no meio cristão.

Ao ouvirem sua voz, as inimizades públicas cessavam, reconciliando-se. Os pecadores sentiam-se movidos ao arrependimento e as pessoas sedentas de perfeição o seguiam. Às vezes mais de 15.000 pessoas se juntavam para ouvi-lo, o que naquela época, era coisa difícil de acontecer. Contemporâneos de São Vicente Ferrer relatam que, mesmo quem não falava sua língua podia entendê-lo.

Vicente foi nomeado como juiz para escolher o sucessor da coroa de Aragon. Ferdinando I foi coroado rei. Seu grande feito foi por fim ao Cisma que dividia a Igreja desde o ano de 1378. Vicente pediu publicamente para que o antipapa Bento XIII renunciasse ao pontificado para o bem geral da Igreja Católica. Ele pregou no Concílio de Constance, em 1418, para a reconciliação da Igreja.

São Vicente Ferrer foi um dos santos que mais trabalhou pela conversão dos judeus e dos muçulmanos. E ele fez isso com todo o seu coração. Alguns historiadores chegam a  afirmar que converteu cerca de 25.000 judeus e mais de 8.000 islamitas.

Por ocasião do Domingo de Ramos de 1407, estando ele em pregação na igreja de Ecija, Espanha, uma mulher judia, cheia de riquezas e poder, ia assistir aos sermões de São Vicente por mera curiosidade. Ela fazia questão de manifestar sarcasmos e desprezo pelas palavras de São Vicente Ferrer. Por fim, ela atravessou no meio do povo para ir embora. Estava claramente cheia de raiva e não se continha. Todos os presentes ficaram indignados. Mas São Vicente disse bem alto: “Deixai-a sair, porém afastai-vos do pórtico”. O povo obedeceu. Quando a mulher passou sob o pórtico, este caiu sobre ela, e ela faleceu.

Ela permaneceu por vários minutos ali, morta, inerte, sem batimentos cardíacos, o que foi confirmado por várias testemunhas. São Vicente caminhou até o corpo da mulher e ordenou com voz forte e poderosa: “Mulher, em nome de Jesus Cristo, volte à vida!” E a mulher ressuscitou. Todos ficaram maravilhados. Após o milagre, a senhora se converteu ao catolicismo. Todos os anos, em Ecija, uma procissão comemorava o extraordinário fato da morte e conversão da mulher judia.

Vicente Ferrer faleceu em Vannes, Bretanha, em 1419, e foi canonizado na igreja dominicana de Santa Maria Sopra Minerva, em Roma, a 3 de Junho de 1455, pelo Papa Callisto III. Porém, sua festa celebrada no dia 6 de abril só foi autorizada pelo Papa Pio II, em 1458.

São Vicente Ferrer, rogai por nós!

Fonte: Cruz Terra Santa e Canção Nova.

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