São Jerônimo Emiliani nasceu no seio de uma família nobre, com muitas propriedades, em Veneza, na Itália, em 1486, e faleceu em Somasca, na Lombardia (Itália), com 51 anos. Tinha também três irmãos. Mas, Em 1496, com 10 anos de idade, ficou órfão de pai. Inicialmente seguiu carreira militar que mais tarde abandonaria para se dedicar ao serviço dos pobres.
Sua juventude foi bastante tumultuada, com comportamentos mundanos e desregrados. Desde os 15 anos serviu como soldado e durante muito tempo foi mantido como prisioneiro pelo exército imperial de Treviso. Aos 25 anos, em 1511, foi envolvido na guerra contra a Liga de Cambrai e, em Castelnuovo, ficou preso no cativeiro durante um mês. Foi acorrentado nos pés e penduraram uma bola de pedra em seu pescoço. Nesse período, experimentou uma forte experiência de conversão. Atormentado pela memória de seus pecados, reconheceu em Cristo Crucificado o amor misericordioso do Pai.
Enquanto estava preso e acorrentado fez uma promessa a Nossa Senhora de que faria uma peregrinação penitencial, caso fosse libertado. Na manhã do dia 27 de setembro de 1511, apareceu-lhe uma mulher vestida de branco, que lhe entregou as chaves para abrir as algemas e a porta da torre. Conquistada a liberdade ele se encontrou no meio do exército inimigo e pior ainda, sem conhecer a estrada. Recorreu novamente a Nossa Senhora, que o guiou até que avistasse a muralha da cidade.
Depois desse episódio, Jerônimo continuou servindo como soldado a República de Veneza até o final da guerra. No entanto, ia acontecendo com ele uma profunda transformação. Segundo contam seus biógrafos, a escuta da palavra de Deus foi o ponto de partida para esse movimento interior: “Ouvindo frequentemente a Palavra de Deus, ele começou refletir sobre sua própria ingratidão, lembrando-se das ofensas contra o Senhor. Por isso muitas vezes chorava e se ajoelhava aos pés do crucifixo, rogando-lhe que não fosse seu juiz, mas seu Salvador“.
A partir daí começou a se desfazer de toda a fortuna e se consagrou a uma missão muito especial, baseada na revelação da paternidade divina: compartilhar e viver em comunidade com os órfãos, os pobres e os doentes. Assim, em 1531 fundou um instituto de religiosos na cidade de Somasca, que logo foram chamados de Padres Somascos. O próprio Jerônimo Emiliani, no entanto, permaneceu leigo e dedicou sua existência a Deus e à caridade. Seus trabalhos solidários se estendiam aos doentes e miseráveis como também às crianças órfãs e às prostitutas.
Dedicação aos pobres
Ele alimentava, vestia e hospedava, na própria casa, os pobres. Confortava os doentes, trabalhava em um hospital. À noite sepultava os cadáveres abandonados pela cidade, enquanto em sua casa se preparava o pão, que distribuiria de manhã. Em poucos dias, gastou nessas atividades todo o dinheiro que possuía. Vendeu as roupas, os tapetes e outros objetos de casa, consumindo tudo nessa santa atividade. Ele doou todos os seus bens em favor dos pobres e necessitados.
A motivação da sua vida espiritual foi o desejo de devolver à Igreja o estado de santidade das primeiras comunidades cristãs. Esse mesmo ideal determinou o modo de organizar a vida das casas que acolhiam os órfãos. O grupo religioso se destacou por proporcionar educação gratuita aos menores abandonados e órfãos. Dos muitos colaboradores que se aproximaram dele, alguns tomaram a decisão de seguir o seu estilo de vida.
Vitimado pela peste que contraiu servindo aos doentes durante uma terrível epidemia, foi encontrado em Somasca sobre uma cama que não era sua, num pequeno quarto de amigos. Antes de se deitar, traçou uma cruz avermelhada sobre a parede da frente. Prestes a morrer, Jerônimo transmitiu a seus discípulos um testamento que sintetizava sua experiência espiritual e representava, ao mesmo tempo, um itinerário de vida cristã:
“Segui o caminho do Crucificado, desprezai a iniquidade, amai-vos uns aos outros e servi aos pobres”
São Jerônimo Emiliani
Apenas quatro dias após ser encontrado doente, na noite de 7 para 8 de fevereiro de 1537, ele falecia. O Papa São Pio V, em 1568, oficializou a Ordem dos Religiosos de Somasca. Jerônimo Emiliani foi beatificado pela Igreja em 1747 e declarado santo em 1767. Em 1928, o Papa Pío XI proclamou-o “Patrono universal dos órfãos e da juventude abandonada”.
São Jerônimo Emiliani, rogai por nós!
Fonte: sites Edições Paulinas e Arquidiocese de São Paulo.