A Ordem dos Frades Servos de Maria (OSM), cujos membros são conhecidos como “Servitas”, foi fundada em Florença, Itália, em 1233, por sete ricos comerciantes, posteriormente declarados santos. São eles: Bonfiglio Monardi (guia do grupo leigo e prior da futura comunidade), Bonagiunta Manetti (segundo prior, entre 1256 e 1257), Manetto d’Antela (responsável pelas primeiras fundações na França), Amádio de Amadei (conhecido como quem tinha “a alma do grupo”), Sostegno de Sosteni (comerciante de tecidos e lã), Ugoccio de Uguccione (comerciante de tecidos e lã), Aleixo Falconieri (também comerciante de tecidos e lã). Eles nutriam uma particular devoção a Nossa Senhora e eram membros de uma companhia leiga de fiéis, chamada Associação-mor de Santa Maria. A pertença ao mesmo ramo de negócios, à mesma classe social e a devoção comum à Virgem Maria os mantinha unidos com laços de profunda amizade.
Em 15 de agosto de 1233, Dia da Assunção de Nossa Senhora, eles estavam reunidos em oração. Costumavam cantar cânticos dedicados à Virgem Maria. Foi então que, de repente, viram que a imagem de Nossa Senhora havia se mexido. Todos ficaram intrigados. Mais tarde, quando atravessavam uma ponte voltando para casa, a própria Virgem Maria lhes apareceu vestida toda de luto e chorava. Em seguida, contou-lhes a razão de suas lágrimas: a guerra civil que não cessava em Florença, já fazia 18 anos. Pediu-lhes, Nossa Senhora, não apenas que reforçassem sua consagração a ela, mas que se empenhassem, num apostolado de reparação, a fazer ver aos homens o quanto ofendiam a Deus com os seus pecados.
Diante das intrigas entre facções, os sete comerciantes acolheram o pedido da Virgem e decidiram dar um testemunho de unidade e de paz, isto é, de que era possível viver como irmãos. Deixaram as suas atividades comerciais e suas famílias e, dispostos a não guardar nada para si, venderam os seus bens, deixando o suficiente para suas famílias e distribuindo o restante aos pobres. Retiraram-se da cidade para dedicarem-se à penitência, à contemplação e ao serviço a Maria.
Vinte dias depois, os sete homens começaram a viver em comunidade numa casa abandonada, na Villa Camarzia, na periferia da cidade, que mais tarde se chamaria “Santa Maria de Cafaggio”, onde está hoje o Santuário da Santíssima Anunciada. Nessa casa, viviam como se fossem “um só coração e uma só alma”, levando uma vida austera, dedicada à oração, à contemplação, à penitência, à mendicância e às obras de caridade em favor dos pobres e doentes. Adotaram um hábito religioso dos “Irmãos da Penitência”: manto e uma túnica de lã bruta de cor cinzenta. Muitas pessoas, aflitas e angustiadas, dirigiam-se a eles para receber conforto e conselho; sobretudo os mais atônitos, pelo fato de que sete jovens ricos comerciantes terem escolhido, voluntariamente, a vida de pobreza.
O estilo de vida que adotaram logo despertou no povo admiração e respeito. Isso levou à difusão da sua fama de santidade, tanto que, muitos pediam para fazer parte da sua família religiosa. O Bispo da época deu-lhes, no ano seguinte, um terreno no cume do Monte Senário. Lá construíram uma casa rústica para morar e um oratório dedicado a Santa Maria. Com a visita do Cardeal Goffredo Castiglioni – futuro Papa Celestino IV – o cardeal prescreveu a eles a Regra de Santo Agostinho.
Monte Senário é até hoje o ponto de referência de todos os Servos e Servas de Maria espalhados pelo mundo. É lá que se encontram as relíquias dos Sete Santos Fundadores. E é para lá que frades, irmãs e leigos ligados à Ordem acorrem com frequência, a fim de vivenciar momentos de oração, reflexão e estudo, desejosos de colher na fonte original a genuína espiritualidade da ordem da qual fazem parte. Os Servitas cresceram e espalharam-se por vários países, inclusive pelo Brasil, onde fundaram casas em diversas cidades.
Os Sete Santos Fundadores, proclamados pela liturgia como “ministros da unidade e da paz”, foram canonizados juntos, como se fossem um só – exemplo único na história da Igreja – pelo Papa Leão XIII, em 1888. Seus restos mortais descansam em Monte Senário, em um único sepulcro. Com memória facultativa, são celebrados todos no mesmo dia, 17 de fevereiro, dia do falecimento do último dos fundadores: Santo Aleixo Falconieri, que recusou ser sacerdote, por se considerar indigno dessa honra, permanecendo, então, como irmão religioso. Os demais, no entanto, tornaram-se sacerdotes.
Sete Santos fundadores da Ordem dos Servitas, rogai por nós!
Fonte: Canção Nova.