Gregório IX teve-o como precioso colaborador durante seis anos. Quando porém lhe comunicou sua intenção de nomeá-lo arcebispo de Tarragona, na Espanha, Raimundo ficou tão consternado a ponto de cair gravemente enfermo. O humilde e douto frade, nascido entre 1175 e 1180, se esforçara para evitar honrarias e prestígio, mas nem sempre conseguiu. Renunciando à vida folgada e alegre (era filho do nobre castelão de Peñafort, na Catalunha) dedicou-se muito cedo aos estudos filosóficos e jurídicos.
Aos vinte anos ensinava filosofia em Barcelona e, aos trinta, recém-laureado, ensinava jurisprudência em Bolonha, na Itália. Excepcionalmente recebia do município um salário que se dispersava imediatamente em numerosas direções para aliviar e socorrer os indigentes. Voltou a Barcelona a convite do seu bispo em 1220.
Foi nomeado cônego e recebeu do amigo Pedro Nolasco o convite para redigir as Constituições da nascente Ordem dos Mercedários. Mas, quando os dominicanos, já dele conhecidos em Bolonha, chegaram a Barcelona, Raimundo abandonou tudo para vestir o hábito alvinegro. Dezesseis anos mais tarde (1238), tornou-se o terceiro mestre geral da Ordem, cargo que não pôde recusar. Por dois anos visitou a pé os conventos da Ordem. Depois reuniu o capítulo geral em Bolonha onde conseguiu demitir-se. Pôde assim, aos setenta anos, voltar ao ensino e ao cuidado das almas.
Aceitando o cargo de confessor do rei Tiago de Aragón, não titubeou em reprovar seu comportamento escandaloso numa expedição à ilha de Maiorca. Conta-se que, tendo o rei proibido a todas as embarcações de velejar para o continente, Raimundo, querendo discordar do soberano, estendeu o manto sobre as águas e chegou até Barcelona sobre essa estranha barca a vela.
Algumas de suas obras apostólicas mais dignas de nota foram as missões para a conversão dos judeus e dos maometanos estabelecidos na Espanha. Segundo a tradição, foi ele que convidou Santo Tomás de Aquino a escrever a Suma contra os Gentios, para que seus pregadores pudessem recorrer a argumentos sólidos nas controvérsias com os hereges e os infiéis. Ele mesmo redigiu importantes obras de teologia moral e de direito. Uma delas é a Suma de casos para administração correta e frutífera do sacramento da reconciliação. Tinha quase cem anos quando morreu (1275). Foi canonizado em 1601.
Extraído do livro:
“Um santo para cada dia“, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.
São Raimundo de Peñafort, rogai por nós!
Fonte: Paulus.