Nascido na Espanha, em 1350, viveu tempos difíceis, pois, por influência política, havia um cisma na Igreja do Ocidente. Naquela época, havia sido declarada, por alguns cardeais, inválida a eleição de Urbano VI como Papa, sendo escolhido Roberto de Genebra, que tomou o nome de Clemente VII e tornando-se o primeiro antipapa (papa ilegítimo). As coroas ibéricas (os reinos de Portugal e Espanha) procuraram manter-se neutras entre os dois Papas, mas Clemente VII, nascido em Avignon (França), esforçou-se por conquistar a obediência delas e mandou como seu legado o Cardeal Pedro de Luna. Este procurou o apoio de Vicente, que lho deu em boa fé e escreveu um tratado sobre o cisma.
O trabalho de Vicente junto ao Cardeal Pedro de Luna começou em 1379. Ele era o Núncio Apostólico no palácio de Aragão, e futuro antipapa Bento XIII. São Vicente ensinou teologia na escola que funcionava na Catedral de Valência, de 1385 a 1390. Quando Pedro de Luna se tornou o novo antipapa, sucedendo Clemente VII, Vicente foi convidado para ser seu confessor apostólico na cidade de Avignon. Vicente não aceitou o cargo e ainda recusou a chance de se tornar cardeal, percebendo que Bento XIII não tinha realmente a autoridade papal vinda dos apóstolos.
São Vicente adoeceu e por pouco não morreu durante a invasão de Avignon, mas ele se recuperou milagrosamente. A história diz que ele teve uma visão de Jesus Cristo junto com São Francisco de Assis e São Domingos. Na bendita visão ele teria sido orientado a pregar o Evangelho fervorosamente. Porém, ele encontrou a resistência do antipapa que relutava em dar a sua permissão para Vicente deixar Avignon. Em 1389, Bento XIII finalmente deu a sua permissão e Vicente saiu em pregação por todas as regiões da Europa do Ocidente. Com muita sabedoria e eloquência ele atraía multidões, ficando bem conhecido no meio cristão.
Ao ouvirem sua voz, as inimizades públicas cessavam, reconciliando-se. Os pecadores sentiam-se movidos ao arrependimento e as pessoas sedentas de perfeição o seguiam. Às vezes mais de 15.000 pessoas se juntavam para ouvi-lo, o que naquela época, era coisa difícil de acontecer. Contemporâneos de São Vicente Ferrer relatam que, mesmo quem não falava sua língua podia entendê-lo.
Vicente foi nomeado como juiz para escolher o sucessor da coroa de Aragon. Ferdinando I foi coroado rei. Seu grande feito foi por fim ao Cisma que dividia a Igreja desde o ano de 1378. Vicente pediu publicamente para que o antipapa Bento XIII renunciasse ao pontificado para o bem geral da Igreja Católica. Ele pregou no Concílio de Constance, em 1418, para a reconciliação da Igreja.
São Vicente Ferrer foi um dos santos que mais trabalhou pela conversão dos judeus e dos muçulmanos. E ele fez isso com todo o seu coração. Alguns historiadores chegam a afirmar que converteu cerca de 25.000 judeus e mais de 8.000 islamitas.
Por ocasião do Domingo de Ramos de 1407, estando ele em pregação na igreja de Ecija, Espanha, uma mulher judia, cheia de riquezas e poder, ia assistir aos sermões de São Vicente por mera curiosidade. Ela fazia questão de manifestar sarcasmos e desprezo pelas palavras de São Vicente Ferrer. Por fim, ela atravessou no meio do povo para ir embora. Estava claramente cheia de raiva e não se continha. Todos os presentes ficaram indignados. Mas São Vicente disse bem alto: “Deixai-a sair, porém afastai-vos do pórtico”. O povo obedeceu. Quando a mulher passou sob o pórtico, este caiu sobre ela, e ela faleceu.
Ela permaneceu por vários minutos ali, morta, inerte, sem batimentos cardíacos, o que foi confirmado por várias testemunhas. São Vicente caminhou até o corpo da mulher e ordenou com voz forte e poderosa: “Mulher, em nome de Jesus Cristo, volte à vida!” E a mulher ressuscitou. Todos ficaram maravilhados. Após o milagre, a senhora se converteu ao catolicismo. Todos os anos, em Ecija, uma procissão comemorava o extraordinário fato da morte e conversão da mulher judia.
Vicente Ferrer faleceu em Vannes, Bretanha, em 1419, e foi canonizado na igreja dominicana de Santa Maria Sopra Minerva, em Roma, a 3 de Junho de 1455, pelo Papa Callisto III. Porém, sua festa celebrada no dia 6 de abril só foi autorizada pelo Papa Pio II, em 1458.
São Vicente Ferrer, rogai por nós!
Fonte: Cruz Terra Santa e Canção Nova.