Carlos, o segundo filho do conde Gilberto Borromeu, nasceu em 2 de outubro de 1538, em Arona, na Itália. Era sobrinho do Papa Pio IV (1559-1565), por parte da mãe, Margherita de Médici. Menino ainda, revelou ótimo talento e uma inteligência rara. Ao lado dessas qualidades, manifestou forte inclinação para a vida religiosa, pela piedade e o temor a Deus. Ainda criança, era seu prazer construir altares minúsculos, diante dos quais, em presença dos irmãos e companheiros de idade, imitava as funções sacerdotais que tinha observado na Igreja. O amor à oração e o aborrecimento aos divertimentos profanos, também eram sinais de sua latente vocação sacerdotal.
No ano de 1562, ordenou-se sacerdote, recebendo no silêncio da meditação a inspiração de planos grandiosos para a reorganização da Igreja Católica. Estes todos se concentraram na ideia de concluir o Concílio de Trento. De fato, era o que a Igreja mais necessitava naquela época, como base e fundamento da renovação e consolidação da vida religiosa. Carlos, sem cessar, chamava a atenção do seu tio (que era Cardeal e depois foi eleito Papa) para esta necessidade, reclamada por todos os amigos da Igreja. De fato, o Concílio se realizou, e ele quis ser o primeiro a executar as ordens da nova lei, ainda que nessa obediência tivesse de deixar sua posição para ocupar outra inferior.
São Carlos Borromeu sabia muito bem que a caridade abre os corações também à religião. Por essa razão doava grande parte de sua receita aos pobres, reservando para si somente o indispensável. Heranças ou rendimentos que lhe vinham dos bens de família, distribuía-os entre os desvalidos. Quando entre 1569 e 1570, a fome e uma epidemia semelhante à peste, invadiram a cidade de Milão, não tendo mais o que dar, pedia ele próprio esmolas para os pobres.
Em 1576, quando a cidade foi novamente atingida pela peste e o povo abandonado pelos poderes públicos, procurava os pobres doentes para consolá-los e dar-lhes os santos sacramentos. Tendo-se esgotado todas as fontes de recurso, Carlos lançou mão de tudo o que possuía para amenizar a triste sorte dos doentes. Naquela época, mais de cem sacerdotes haviam pago com a vida, na sua dedicação e serviço aos doentes, durante a peste, mas Deus conservava a vida do Arcebispo Carlos Borromeu, e este se aproveitou da ocasião para dizer duras verdades aos ímpios e ricos esquecidos de Deus. Por seu lado, estes decidiram denunciá-lo à Santa Sé com falsas acusações.
Gregório XIII, não só rejeitou as acusações infundadas feitas ao Arcebispo, mas ainda recebeu Carlos Borromeu em Roma, com as mais altas distinções. Em resposta a este gesto do Papa, o governador de Milão, organizou no primeiro domingo da Quaresma de 1579, um indigno préstito carnavalesco pelas ruas de Milão, precisamente à hora da missa celebrada pelo Arcebispo. O mesmo governador, que tanta guerra ao Prelado movera, e tantas hostilidades contra São Carlos estimulara, no leito de morte reconheceu o erro e teve o consolo da assistência do santo Bispo na hora da agonia. Seu sucessor, Carlos de Aragão, duque de Terra Nova, viveu sempre em paz com a autoridade eclesiástica. O Arcebispo gozou deste período só dois anos.
Quando em outubro de 1584, como era de costume, se retirara para fazer os exercícios espirituais, teve fortes acessos de febre, aos quais não deu importância e dizia: “Um bom pastor de almas, deve saber suportar três febres, antes de se meter na cama”. Os acessos renovaram-se e consumiram as forças do Arcebispo. Ao receber os santos sacramentos, expirou aos 03 de novembro de 1584. Suas últimas palavras foram: “Eis Senhor, eu venho, vou já”. Quando faleceu, Carlos Borromeu tinha 46 anos de idade.
O Papa Paulo V canonizou-o em 1610 e fixou-lhe a festa litúrgica em 04 de novembro.
São Carlos Borromeu, rogai por nós!